Requisitos para qualidade de um biocombustível


Com a atual preocupação no desenvolvimento dos biocombustíveis e a expansão do uso do etanol brasileiro, um tema que apresenta cada vez mais  relevância é o controle de qualidade analítico de tais produtos para a certificação dos mesmos quanto às suas características físico-químicas, tendo-se em vista uma garantia de mercado.
Tendo como base a química analítica que desenvolve papel fundamental no ciclo de vida de qualquer biocombustível, seja ele biodiesel ou etanol, ou os demais derivados da indústria bioenergética (bio-óleo, syngas, biodiesel, fischer-tropsh e biogás).
Para um melhor entendimento da avaliação da qualidade dos biocombustíveis através da aplicação de métodos analíticos laboratoriais, é importante que se conheça as etapas de obtenção de produtos energéticos advindos da biomassa vegetal, para a aplicação de uma metodologia analítica integrada.
São três os pontos de aplicação de uma metodologia analítica:
a) caracterização da biomassa ou matéria-prima que será utilizada no processo de produção, para que a qualidade da primeira esteja de acordo com as necessidades do segundo, com a determinação de parâmetros analíticos como teor de açúcares e acidez (cana-de-açúcar) e teor de ácidos carboxílicos e viscosidade (óleo vegetal), dentre outros;
b) monitoramento do(s) processo(s) de produção para controle da eficiência do mesmo, com a determinação de parâmetros analíticos, como temperatura, pH do meio, dentre outros;
c) controle e certificação da qualidade do produto final, para que se comprove a qualidade do biocombustível produzido e suas propriedades físico-químicas, se dando conforme escopo de parâmetros analíticos estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para o etanol e o biodiesel. Para efeitos de certificação, é obrigatória a contratação de um laboratório químico independente.
A  ANP é quem estipula quais são os parâmetros analíticos de controle do etanol e do biodiesel, bem como os valores máximos ou mínimos permitidos para um determinado parâmetro. No caso de um biocombustível não estar de acordo com tais parâmetros analíticos, a venda de seu lote é suspensa. A amostragem deverá compreender toda a cadeia produtiva, (o produtor, o distribuidor e o comerciante) o que deve garantir a rastreabilidade analítica do produto, como sua origem, com tais itens compreendendo a certificação do produto. No caso dos laboratórios que irão realizar as análises, é desejável que tenham ou obedeçam à norma ISO-17025 que garante a qualidade e confiabilidade dos dados analíticos gerados por meio de procedimentos-padrão auditados periodicamente por organismos certificadores nacionais ou internacionais, como o Inmetro.
Os parâmetros analíticos para o biodisel e suas misturas (B100, B20 e B5, respectivamente), bem como os métodos analíticos, ainda são objeto de discussão e de pesquisa, já que é recente a implantação de uso na matriz energética brasileira.
As técnicas analíticas cromatográficas, espectroscópicas e eletroquímicas têm apresentado grande inovação quanto à facilidade de operação e interpretação de dados, o que diminui o tempo de emissão do laudo ou relatório analítico, levando à tomada de decisões técnico-econômicas mais eficazes.
Os principais interessados no tema (Brasil, Estados Unidos e União Européia) lançaram recentemente uma força-tarefa objetivando uma unificação dos padrões analíticos de qualidade para os biocombustíveis, o que deve ser visto de maneira positiva para a integração de mercado.
Um aspecto a ser considerado é a inovação tecnológica relacionada aos biocombustíveis, que exerce influência direta nas necessidades de controle e padronização da qualidade.

Aluna: Ana Claudia Graziani - Estudante de Biotecnologia e Bioprocessos.

Orientador: Prof. André Bellin Mariano, D.Sc.