Potencial da pupunheira para produção de biodiesel e uso biotecnológico


A busca por alternativas na melhoria da qualidade de vida quer seja através do consumo de alimentos saudáveis ou de um meio ambiente limpo e sustentável deve der prioridade no mundo capitalista e globalizado em que vivemos. Com essa preocupação, surgiu-se à idéia de reaproveitamento de dejetos de produção de pupunha (Bactris gasipaes) devido a sua crescente demanda no mercado e descarte inadequado dos mesmos.
A origem da pupunheira ainda é controvertida, porém, engloba as espécies silvestres de pupunha localiza-se no noroeste da América do Sul. A pupunheira apresenta vários requisitos aproveitáveis pelas indústrias, como o uso de seus resíduos (folhas, cascas, frutos). A planta apresenta outra vantagem em relação a sua raiz, em formato de micorrizas, conseguindo se adaptar a qualquer solo. Após o corte do palmito, a realização da reposição das folhas ao solo ajuda a protegê-lo contra erosões e repõe os nutrientes necessários para novamente obter a produção de palmito.
O resíduo da bainha (casca) pode ser utilizado para alimentação animal e no processo de compostagem como um biofetilizante, sendo o aproveitamento desses resíduos uma alternativa para melhorar a valorização dos mesmos que seriam eliminados no meio ambiente.
Os frutos da pupunheira constituem um alimento essencialmente energético, contêm proteína, óleo, caroteno (pró-vitamina A), vitaminas B, C e ferro. Em populações indígenas os frutos da pupunha são utilizados como alimento e para produção a partir da polpa, de uma bebida alcoólica chamada de “caiçuma”. Através de estudos verificou-se a possibilidade de produção industrial utilizando-se técnicas biotecnológicas como a hidrólise enzimática do amido e a fermentação com leveduras, Saccharomyces cerevisiae, resultando em uma bebida com aspectos satisfatórios e elevada graduação alcoólica.
Ainda do fruto da pupunha pode-se usar o óleo da amêndoa e do mesocarpo para a produção de biodiesel como descrito em algumas literaturas. O óleo do mesocarpo da pupunha possui alta taxa de ácidos graxos não saturados que atualmente possui excelente valor de mercado nutricional como industrial. Seu óleo é límpido de coloração amarelo avermelhada constituído de triglicerídeos com um baixo teor de ácidos livres (>0,2%). Os triglicerídeos são constituídos na sua maioria de ácido láurico (47,7%), mirístico (28,3%), palmítico (8,23%) e oléico (8,67%). Já a composição química da bainha apresenta uma possibilidade de produção de etanol devido as consideráveis quantidades de amido, proteínas, celulose e lignina. Estudos demonstraram que possui 9% a 12% de proteína bruta, quando em comparação com a cana-de-açúcar que não chega a acumular 2% de proteína bruta. (MORAES et al., 2010).
O biocombustível é uma alternativa viável com uma série de vantagens no setor ambiental, econômico e social, sendo o maior interesse em sua produção pelo efeito redutor de degradação do ambiente em relação aos combustíveis fósseis, e atualmente é o que mais polui com emissão de gases do efeito estufa. A pupunheira é uma solução viável para a indústria de biocombustíveis no Brasil por apresentar características agronômicas.
No Brasil, a palma de pupunha produz 20 toneladas de óleo por hectare, segundo afirmação de Lídio Coradin, coordenador de Recursos Genéticos do Ministério do Meio Ambiente. O cultivo da pupunha, presente na Amazônia e América Central, vem aumentando para fornecer palmito, mas não o óleo vegetal, cuja demanda aumentará devido ao biodiesel. É uma das 775 espécies nativas com grande potencial econômico identificadas pelo Ministério, que a partir deste ano publicará essa informação em cinco livros, tentando fomentar seu uso sustentável.
Acredita-se que num futuro muito próximo, o óleo de pupunheira passará a ser produzido em escala industrial, sendo mais uma opção de combustível, porém menos agressivo por ser gerado de matéria prima vegetal.

Potencial Biotecnológico e Bioenergético da Pupunheira

Alunas: Ana Claudia Graziani e Carol Schultz, Biotecnologia e Bioprocessos.

Orientador: Prof. André Bellin Mariano, D.Sc.