Recursos ergogênicos no esporte


A busca pelo melhor desempenho tem sido uma constante no esporte de alto rendimento. A história tem mostrado que atletas são capazes de ignorar diversos riscos na busca de ultrapassar seus limites competitivos. No meio esportivo, diversos recursos ergogênicos tem sido usados em virtude de suas capacidades de melhorar o desempenho atlético. “Recurso ergogênico” pode soar estranho, mas é mais simples que parece e está mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Refere-se à aplicação de um procedimento ou recurso nutricional, físico, mecânico, psicológico ou farmacológico capaz de aprimorar a capacidade de realizar trabalho físico ou desempenho atlético, podendo variar entre um tênis próprio para corridas com combinação de amortecimento, suporte e controle de movimento que certamente valorizará a biomecânica do atleta, até o uso de esteróides anabólicos, tomados em combinação com um programa de treinamento intensivo e uma maior ingestão de proteínas, com objetivo de aprimorar o desempenho nos esportes que exigem força, velocidade e potência. Isso permite que os atletas treinem por períodos mais longos de tempo e mais intensamente. Resultado esperado e que esconde efeitos adversos e conseqüências muito prejudiciais (ARITOLI et al., 2007).
Uma área de investigação bastante recente em biomedicina é a terapia gênica e o doping genético utilizado como agente ergogênico. A terapia gênica pode ser definida como um conjunto de técnicas que permitem a inserção e expressão de um gene terapêutico em células-alvo que apresentam algum tipo de desordem de origem genética, possibilitando a correção dos produtos gênicos inadequados que causam doenças. O doping genético é o uso não terapêutico de células, genes e elementos gênicos, ou a modulação da expressão gênica, que tenham a capacidade de aumentar o desempenho esportivo. Apesar de não existir nenhum registro de doping genético, há preocupação com o abuso que nossos atletas e treinadores possam cometer em relação à técnica. O que poderia contribuir para a reabilitação de um atleta assim como para pessoas comuns, torna-se alvo de uso indiscriminado por conta da atitude de vencer a qualquer custo que domina a sociedade esportiva (McARDLE et al., 1998).
É comum a participação do biomédico, profissional especializado em fisiologia do exercício, em equipes multidisciplinares para atender as necessidades de valorização funcional do treinamento e rendimento desportivo do atleta monitorando e analisando a performance através do perfil bioquímico e hematológico. A escolha de agentes com finalidade ergogênica deve favorecer o desempenho e ao mesmo tempo oferecer segurança de uso. Muitos são perfeitamente aceitáveis e inclusive deve fazer parte do treinamento de nossos atletas, como agentes nutricionais que aumentam as reservas de glicogênio muscular e incentivos psicológicos como utilização de técnicas de superação e visualização do modelo ideal. Contribuições que não prejudicam a saúde dos atletas e passam longe de ser uma forma deplorável de alcançar metas esportivas.


Referências utilizadas:

ARITOLI, G; HIRATA, R. D. C; LANCHA, A. H. Terapia gênica, doping genético e esporte: fundamentação e implicações para o futuro. Revista Brasileira de Medicina no Esporte. Vol 13. N. 5. São Paulo, 2007.
McARDLE, W; KATCH, F; KATCH, V. Fisiologia do Exercício. Energia, nutrição e desempenho. Ed. Guanabara. Rio de Janeiro, 1998.

Autor: Paola Araujo de Aquino, estudante de Biomedicina

Orientação: Prof. André Bellin mariano, D.Sc.